O Dia Internacional da Mulher foi celebrado de modo diferente no Colégio Maxi. Na última quinta-feira (7), como parte da ação institucional “Toda Conquista Feminina Importa”, foi realizado um bate-papo com mulheres que ocupam posições de destaque no estado. O mote principal foi a violência contra mulher e os desafios que elas enfrentam atualmente para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, especialmente em áreas dominadas por homens.
O assunto não despertou o interesse somente do público feminino, os meninos do colégio também se fizeram presentes, mostrando respeito e empatia pela igualdade de gênero e representatividade da mulher. No palco, três personalidades conversaram com o público: a Tenente Coronel PM Grasielle Bugalho; a presidente da Comissão do Direito da Mulher da OAB-MT, Clarissa Lopes Dias; e a mediadora Profª. Glauce Anunciação. Além destas, representando a voz das alunas do Maxi, Ana Julia Regis Sarmento, também compôs o dispositivo.
“Trouxemos mulheres que tem algo a dizer. Mulheres que galgaram posições na sociedade e conquistaram seu espaço, mas que podem apresentar os desafios que viveram. Por isso, uma aluna também foi convidada, para mirar as expectativas futuras e o seu papel na sociedade”, comentou o diretor geral do Maxi, Profº. Leão.
De acordo com a professora mediadora, a iniciativa é louvável, primeiramente, pela relevância do assunto abordado e, em segundo, pelo ineditismo. “Esta é a primeira vez que a escola faz um evento como este. A gente enxerga uma mudança de postura nessa gestão e uma perspectiva na formação do senso crítico. A impressão que tínhamos é que as meninas, principalmente, estavam sedentas por esse momento”, comentou.
Na Polícia Militar há pouco mais de 21 anos, Grasielle afirma que ainda existe discriminação, mas com o apoio que recebe diariamente dos profissionais dentro da corporação, dos familiares, e com as oportunidades que surgiram ao longo de sua carreira, como comandar várias unidades operacionais, aprendeu a lidar com a questão de forma mais leve.
Hoje, ela atua na Coordenadoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos e apresentou aos alunos a Patrulha Lei Maria da Penha, que até janeiro era apenas um projeto piloto que ganhou a confiança da comunidade e hoje já é uma realidade. “A patrulha existe para acompanhar as medidas protetivas que são deflagradas pelo Poder Judiciário em razão de mulheres que são vítimas da violência doméstica. A polícia atua de forma que os agressores mantenham as distâncias estipuladas pelo juiz da decisão”, explicou.
Ao ser indagada sobre qual a mensagem que ela gostaria de passar para as alunas presentes no bate-papo, Grasielle foi direta: “não desistam”. “As mulheres começaram a perceber que elas podem ocupar o espaço que elas quiserem. A gente tem que acreditar no nosso potencial, não importa se é homem ou mulher, o que vale é a vontade de querer fazer o melhor e gostar daquilo que pretende fazer, não importa a carreira”, concluiu.
Durante o evento a advogada e presidente da Comissão do Direito da Mulher da OAB-MT, Clarissa Lopes Dias, afirmou que o futuro está nas mãos dos jovens de hoje. “Acreditem, se estamos hoje conversando sobre esse assunto, quem vai mudar a realidade, como outros o fizeram lá atrás, são vocês. Estudos já apontam que, se não mudarmos hoje, em 2050 não teremos igualdade de gênero. É muito importante que esse assunto venha para as escolas para que, tanto os homens quanto as mulheres, tenham a consciência do seu papel nessa realidade”.
A presidente contou ainda que o Direito ainda possui uma tradição muito forte da presença masculina. “Hoje temos no regimento interno uma cota estabelecida, onde toda chapa precisa ter ao menos 30% de mulheres. No ano passado houve uma mudança no regimento, aprovada, para que essa cota passe a valer também para a diretoria. Teremos em todos os níveis da OAB 30% de mulheres. Atualmente, muita gente critica a questão da cota, mas elas ainda são necessárias”, comentou. “É importante vocês, meninas, entenderem que podem ser o que quiserem ser”, enfatizou Clarissa.
Ao ser questionada pelos alunos sobre a efetividade das leis de proteção à mulher, a advogada foi direta. “Quando as leis são devidamente aplicadas, elas são extremamente satisfatórias. Ainda temos um caminho longo pela frente, mas existe sim um avanço. A violência contra a mulher não cresceu, é que hoje elas denunciam – o conhecimento é libertador e ele empodera”, ressaltou.
Representando a voz feminina do corpo discente do colégio Maxi, a aluna Ana Júlia foi objetiva quando questionada sobre as possíveis soluções para a desigualdade. “Acredito que a política pública é, provavelmente, a única solução para mudar a nossa realidade. É preciso sermos inseridas na política de poder para fazermos algo pelas outras mulheres”, afirmou.
Fonte: Pau e Prosa Comunicação
Fotos: Helder Faria