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Psicóloga defende fim dos tabus sobre sexualidade nas conversas entre pais e filhos

Uma sala de aula lotada de pais cheios de dúvidas sobre a melhor forma de conversar sobre sexualidade com os filhos. Essa cena aconteceu na terça-feira (24) durante a palestra realizada pelo Colégio Maxi com a educadora, psicóloga e sexóloga Cida Lopes.

“A dificuldade que os pais têm hoje é fazer diferente do que eles aprenderam, só que não tivemos uma educação para que pudéssemos construir um conceito positivo sobre sexualidade. Hoje estamos perdidos na tentativa de acertar”, avalia Cida Lopes, autora de livros sobre sexualidade voltados para o público infantil, entre eles Sexo e Sexualidade e Soltando os Grilos  e que, em 2018, lançará o primeiro livro para adultos.

Segundo ela, o ponto de partida para que a atual geração de pais e responsáveis por crianças e adolescentes consiga conversar numa boa com os filhos é compreender o que é sexualidade. “Se a gente aprendeu que sexualidade é algo feio, proibido, que tem idade e hora para falar sobre o assunto, se tivermos essa visão negativa, toda pergunta da criança e do adolescente vai nos assustar. Se a gente reconstruir, ressignificar o conceito de sexualidade se dando conta de que é algo bonito, que tem o objetivo de aumentar o vínculo, dar prazer, trocar afeto, demonstrar sentimento, a gente tem a possibilidade de passar isso para a criança. Se a gente ver o lado bonito da sexualidade a gente perde o medo de falar sobre esse assunto”, pondera a autora.

No aguardo para o início da palestra, Eudirléia Ana Fernandes, mãe de crianças de 5 e 9 anos, contou que na infância dela os pais não conversavam sobre sexualidade. “Eu fui saber na sétima série quando estudei sobre o aparelho reprodutor. Eu não sabia!”, confessa.  Mas agora, ela já tem o cuidado de se preparar para conversar naturalmente sobre o tema. “Eu já tenho essa preocupação e gosto de ver a escola alinhada com essa necessidade de falar sobre sexualidade de forma complementar”, afirmou Eudirléia, que é médica veterinária.

Como falar e qual a forma mais adequada para tratar do assunto com os filhos é a dúvida que deixa os pais mais preocupados. A constatação é da sexóloga Cida Lopes, que estuda o assunto há anos.

Tatiana Sato, mãe de meninas de 13 e 17 anos, relatou a sua dificuldade em conversar com as filhas sobre sexualidade. “É um assunto muito difícil de conversar com os filhos. Eu não tive a presença dos meus pais para falar sobre sexualidade e fui cobrada pela minha filha mais velha por não ter conversado com ela de forma mais franca. Então, eu não quero errar pela segunda vez e por isso estou aqui [na palestra]. Achei muito interessante a escola proporcionar essa palestra aos pais”.

Segundo Cida Lopes, a criança confia e acredita nos pais e têm neles a referência para responder a todas as suas curiosidades, mas o adulto adota um comportamento diferente quando o tema é sexualidade, muitas vezes chegando a fugir da conversa. E é aí que começam a ser criados, na cabeça das crianças, os tabus em torno do assunto. Cida Lopes explica que a medida que a criança aprende a falar, o assunto sexualidade já é pauta porque ela tem um mundo inteiro a ser descoberto. Do mesmo jeito que ela tem curiosidade sobre a vida, o sol, o vento, a lua, ela também tem curiosidade sobre a sexualidade.

“Quando um filho te faz uma pergunta, ao invés de considerar uma falta de respeito ou pergunta inadequada, é preciso compreender que é um privilégio ter sido eleito para responder. Quando falamos sobre sexualidade é muito mais querer criar um vínculo, se mostrar sempre disponível, do que saber qual a melhor resposta propriamente. E os pais ficam mais preocupados em como responder corretamente e se esquecem que o importante é o vínculo”.

Fonte: Pau e Prosa Comunicação

 

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